Alfredo Amaral (Peugeot), António Coutinho (MCoutinho) e Hélder Pedro (ACAP) concluem

Falta aos sucessivos governantes uma visão global sobre o setor automóvel, segundo Alfredo Amaral (Peugeot), António Coutinho (MCoutinho) e Hélder Pedro (ACAP). Os operadores recordam que o setor não tem uma presença meramente comercial em Portugal, pois há fábricas de veículos e de componentes no país. Acusam, porém, o Governo de apenas olhar para o setor como uma fonte de receita, dando o Orçamento do Estado para 2015 como exemplo.
Os sucessivos governantes não têm uma visão sobre o setor automóvel, de acordo o diretor-geral da Peugeot Portugal, Alfredo Amaral. “Não há uma visão completa do que o setor automóvel representa na economia”, referiu. O executivo, que falava num debate promovido pelo Porto Canal (para o programa Estação de Serviço) na MCoutinho Porto, recordou que às receitas fiscais e emprego se junta a vertente industrial, na produção de automóveis e de componentes. “Já o Plano Porter antevia a possibilidade de haver aqui na região Norte um cluster nessa área”, acrescentou Alfredo Amaral.
Hélder Pedro, secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), sublinha esta vertente industrial do setor. “Portugal é um país exportador de automóveis. No ano passado, a taxa de cobertura foi de 107%. É um setor vital para a economia em termos de emprego e fiscalidade. Infelizmente, nem sempre o Governo olha para o setor como tendo essa importância”, lamenta.
António Coutinho, presidente da comissão executiva do grupo MCoutinho, concorda. “Precisamos de um estado ágil, menos burocrático e que não olhe para o setor apenas como uma forma de taxar”, disse o empresário, antes de recordar que o Orçamento do Estado para 2015 prevê um aumento de 150 milhões de euros das receitas fiscais associadas ao automóvel.
“Há uma questão histórica em Portugal. Somos um país com indústria automóvel e, tradicionalmente, os países europeus que têm indústria automóvel não penalizam demasiados os automóveis. Portugal é diferente”, defende o secretário-geral da ACAP. “Temos consciência de que o país tem necessidade de receitas fiscais, mas devia haver uma melhor redistribuição da incidência fiscal”, afirma Hélder Pedro. “A ACAP sempre defendeu a reintrodução da medida de abate de viaturas em fim de vida e provou a sua pertinência. O Governo deixou-a cair na Fiscalidade Verde”, acrescenta.
Falta visão global também na mobilidade
Para Alfredo Amaral, a falta de visão global estende-se à discussão da mobilidade. “Temos um parque automóvel circulante com 11,5 anos. Isto levanta a questão da ecologia, da segurança e da mobilidade. Não vejo como se pode desenvolver a mobilidade quando não há zonas tampão [com parques de estacionamento] à entrada das cidades. Depois, taxa-se o automóvel, quando sabemos que a qualidade do serviço é um obstáculo à adesão ao transporte público. Depois, o automóvel é diabolizado como poluente. Não é verdade. O automóvel é um veículo de mobilidade”, defende.
“A política de mobilidade tem de ter uma estratégia global. É a ausência dessa estratégia que nos choca. É preciso compreender a globalidade e, depois, desenvolver políticas de mobilidade”, salienta o diretor-geral da Peugeot Portugal.
Setor em recuperação
De janeiro a setembro, o mercado fixou-se nas 124 970 unidades, o que correspondeu um crescimento homólogo de 38,3%. “Há alguns sinais positivos e 2015 pode ser melhor do que 2015”, tinha referido António Coutinho, logo na abertura do debate. “Depois de um 2012 e de um início de 2013 muito maus, vemos o futuro com algum maior otimismo”, afirmou Helder Pedro.
Os presentes no debate estão, por isso, otimistas com os próximos anos e confiantes de que o pior já pode ter passado. Por outro lado, mostram prudência nas análises.
“Queremos crer que o mercado está a recuperar. Há mais confiança nos particulares e nas empresas. O turismo tem ajudado ao alimentar o incremento nas rent-a-car. Mas há nuances que nos levam a ter reticências: O ganho de confiança do consumidor é muito ténue, as empresas estão a fazer downgrading às frotas e no turismo as rent-a-car estiveram alguns anos sem renovar a frota e este ano tinha mesmo de ser. Portanto, há confiança, mas com prudência”, remata Alfredo Amaral.
Hélder Pedro, secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), sublinha esta vertente industrial do setor. “Portugal é um país exportador de automóveis. No ano passado, a taxa de cobertura foi de 107%. É um setor vital para a economia em termos de emprego e fiscalidade. Infelizmente, nem sempre o Governo olha para o setor como tendo essa importância”, lamenta.
António Coutinho, presidente da comissão executiva do grupo MCoutinho, concorda. “Precisamos de um estado ágil, menos burocrático e que não olhe para o setor apenas como uma forma de taxar”, disse o empresário, antes de recordar que o Orçamento do Estado para 2015 prevê um aumento de 150 milhões de euros das receitas fiscais associadas ao automóvel.
“Há uma questão histórica em Portugal. Somos um país com indústria automóvel e, tradicionalmente, os países europeus que têm indústria automóvel não penalizam demasiados os automóveis. Portugal é diferente”, defende o secretário-geral da ACAP. “Temos consciência de que o país tem necessidade de receitas fiscais, mas devia haver uma melhor redistribuição da incidência fiscal”, afirma Hélder Pedro. “A ACAP sempre defendeu a reintrodução da medida de abate de viaturas em fim de vida e provou a sua pertinência. O Governo deixou-a cair na Fiscalidade Verde”, acrescenta.
Falta visão global também na mobilidade
Para Alfredo Amaral, a falta de visão global estende-se à discussão da mobilidade. “Temos um parque automóvel circulante com 11,5 anos. Isto levanta a questão da ecologia, da segurança e da mobilidade. Não vejo como se pode desenvolver a mobilidade quando não há zonas tampão [com parques de estacionamento] à entrada das cidades. Depois, taxa-se o automóvel, quando sabemos que a qualidade do serviço é um obstáculo à adesão ao transporte público. Depois, o automóvel é diabolizado como poluente. Não é verdade. O automóvel é um veículo de mobilidade”, defende.
“A política de mobilidade tem de ter uma estratégia global. É a ausência dessa estratégia que nos choca. É preciso compreender a globalidade e, depois, desenvolver políticas de mobilidade”, salienta o diretor-geral da Peugeot Portugal.
Setor em recuperação
De janeiro a setembro, o mercado fixou-se nas 124 970 unidades, o que correspondeu um crescimento homólogo de 38,3%. “Há alguns sinais positivos e 2015 pode ser melhor do que 2015”, tinha referido António Coutinho, logo na abertura do debate. “Depois de um 2012 e de um início de 2013 muito maus, vemos o futuro com algum maior otimismo”, afirmou Helder Pedro.
Os presentes no debate estão, por isso, otimistas com os próximos anos e confiantes de que o pior já pode ter passado. Por outro lado, mostram prudência nas análises.
“Queremos crer que o mercado está a recuperar. Há mais confiança nos particulares e nas empresas. O turismo tem ajudado ao alimentar o incremento nas rent-a-car. Mas há nuances que nos levam a ter reticências: O ganho de confiança do consumidor é muito ténue, as empresas estão a fazer downgrading às frotas e no turismo as rent-a-car estiveram alguns anos sem renovar a frota e este ano tinha mesmo de ser. Portanto, há confiança, mas com prudência”, remata Alfredo Amaral.